domingo, 2 de novembro de 2008
Apresentação da Noite
pesa-nos no peito um resíduo de cidade
no entanto sabemos que não há mais tempo para nos olharmos
a fuga só é possível para o interior de nós mesmos e um dia
quem sabe? chegaremos
ao princípio da memória
(pausa)
é noite
logo
a primeira sensação da manhã será feita de aves
é noite
dentro do meu coração de papel
é noite
dissolve-se um desastre um inesperado suicídio
é noite
calemo-nos um momento
calemo-nos
falemos baixinho
para não nos acordarmos
movamo-nos
movamo-nos para fora de nossos corpos
devastemos devastemos
(pausa)
no entanto eles tentam limpar a cidade
trituram corpos e apagam nossas vontades mais fortes e sinceras
tentam aniquilar-nos
devoram-nos as olheiras de muitas fomes
enchem-nos as bocas com jornais molhados
cinzentas notícias que raramente nos dizem respeito
violam-nos
daqui a umas horas quando a manhã vier branca e fria saberemos nós andar?
conseguirei eu lembrar-me de como se põe um pé à frente do outro?
sem cair
sem cair
Al Berto
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